segunda-feira, 8 de março de 2010

Edvaldo Santana,tá assustado?


A proposta da coluna Cadeira giratória do Jornal Fato Paulista, é falar sobre cultura e os muitos personagens que a fazem. Receberemos sempre em nossa redação uma pessoa atuante no meio cultural, a fim de expressar suas opiniões e responder as muitas perguntas de nossos convidados especiais.
No dia 26/02, Edvaldo Santana nos fez uma visita, ele que é cantor e compositor paulistano,tem uma “pegada” que mistura ritmos como MPB,Blues,Samba e etc; não freqüenta a grande mídia mas já tocou com Zeca Baleiro, Chico Cesar, Arnaldo Antunes,Tom Zé, entre outros.Com uma série de Cds Gravados de forma independente: “Lobo Solitário”1993; “Tá Assustado?” 1995, “Edvaldo Santana” 1999, com o famoso “Samba do trem”; “Amor de Periferia” 2004; “Reserva de Alegria” 2006;e agora o seu mais recente, "Edvaldo Santana ao vivo”.Suas músicas podem ser ouvidas nas Rádios USP e Eldorado, é também um dos fundadores do saudoso MPA (Movimento Popular de Arte) de São Miguel Paulista nos anos 80.O músico participou de nossa “cadeira giratória”. Entre os convidados estavam Valmir Macedo,poeta e escritor; Jeferson Ronin,caricaturista; Bea, líder do Movimento Cultural Vila Verde; João Luis,Cineasta; além da equipe do Jornal.

Valmir: Quais foram os músicos que te influenciaram no Blues?

Edvaldo: Através de uma amiga que trabalhava em uma rádio aqui em São Paulo , que representava e tocava Jazz e Blues; comecei a ouvir Charles Parker, Miles Davis, Billie Holiday entre outros.Quem realmente me influenciou foi Howlin Wolf e o grande “pai” do blues Robert Johnson.

Primus: Edvaldo, como você vê os movimentos culturais nos dia de hoje?

Edvaldo: Eu acho que hoje os movimento culturais não devem ser “estáticos”,devem agregar pessoas e gêneros artísticos/culturais; hip hop, samba,maracatu,tudo isso tem que se misturar.Devem propor não só a manifestação, mas a discussão e a reflexão sobre arte e a cultura no geral. Nunca se prestando a instrumento para coleta de votos, ou promoção de uns e de outros .

Bea: Na sua trajetória, você já pensou em desenvolver um trabalho social com a comunidade voltado para crianças?

Edvaldo: Eu tenho apoiado muito projetos,entre eles o “Estação da Arte” e o “Projeto Guri”, os quais realizei alguns workshops e até oficinas.Creio que estas iniciativas de projetos não devem partir de alguém sozinho,mas de todo um coletivo de pessoas com objetivos em comum.

Primus: Edvaldo, você acha que hoje as Casas de Culturais cumprem seu papel?

Edvaldo: Acho que nem todas, existem lugares por aí muito mal administrados, com pessoas que não tem embasamento cultural nenhum, isso prejudica muito as pessoas,mas existem também muitas Casas de Cultura com pessoas realmente engajadas, com comprometimento e respeito pelas pessoas das comunidades e pelo dinheiro público.

Valmir: Nos seus shows você já abriu espaço para poetas?

Edvaldo: Sim, claro. Já fiz trabalhos com muitas pessoas,assim como Mário Bortoloto e outros artistas.Na verdade tudo tem que combinar;o roteiro do show ou do evento, o artista/poeta, as músicas e o público.

Jeferson: Qual seria a raiz do problema o qual as pessoas não valorizam a cultura brasileira?

Edvaldo: Antigamente, ainda sob a ditadura militar, existiam vários programas de música na TV . Artistas como Roberto Carlos, Caetano Veloso,Chico Buarque e Simonal, cantavam em diversos programa populares que representavam a música brasileira.Hoje isso não ocorre mais,a música popular brasileira perdeu sua força de protesto e contestação, rendendo-se aos interesses mercadológicos da mídia, tornando-se fundo musical das imagens que o do Brasil representa aqui e lá fora.

Um comentário:

  1. Interessane a entrevista, diferente dos outros canais que realizam tal pratica.
    Edvaldo tem um trabalho super interesante.

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