segunda-feira, 30 de agosto de 2010

FOMENTANDO A PERIFERIA

Na reta final do mês de Agosto, a Zona Leste registrou Eventos de diversas naturezas em pontos variados de seu imenso “território periférico”. Óperas, Saraus, Debates, Cinema ao ar livre, Apresentações de Teatro e etc. Um despertar de idéias e atitudes de sonhadores que enfrentam a barbárie do mercado midiático e consumidor; oferecendo entretenimento e reflexão sobre o existir do homem e sua função dentro de um sistema chamado sociedade. A gratuidade da cultura através de Programas de Incentivo, como a Lei Municipal de Fomento ao Teatro, o VAI, Pontos de Cultura e etc; possibilita o acesso da população a ótimas produções e alimenta a “independência” de grupos que experimentam o verdadeiro contato com seu ideais artísticos e culturais.
Itaquera abriga em seus
“recôncavos marginais”, cidadãos e cidadãs que buscam fontes claras de luz à porta de suas cavernas, para seguirem caminhando de forma otimista, honesta e humana em meio a política dos “conchavos” e do “rouba mas faz”, sem beber, fumar ou “cheirar” os problemas . A diversão torna-se um paliativo para as dores sociais quando elas se tornam crônicas. A arte nos grandes “centros”,têm o papel de “inebriar os teóricos” e financiar o turismo decadente e urbano da cidade de São Paulo; apoiada muita vezes por empresas e seus Centros Culturais, Fundações e etc. Enquanto que a arte na periferia assume (quase) sempre um papel de resistência, de grito, de discurso, de revide social.Talvez aí esteja a grande repercussão de artistas como o escritor Ferrez, Alexandre Buzzo, Sérgio Vaz e tantos outros que acabaram criando uma “Literatura paralela”, chamada por eles de “Literatura Periférica”. Produzir Cultura e viver desta produção; satisfaz, enobrece e se multiplica... O “eixo burguês de arte”e seus grandes orçamentos Municipais, Federais e Privados, começa a perder espaço para Projetos “menores”e suas proposta originais, cheias de conteúdo. Ao invés de imponentes discursos políticos sobre a criação de mais cursos profissionalizantes nos CÉUS, para que os “pobres” e “infelizes”possam abastecer as máquinas com seus corações. Por que não tornar o Teatro, a Dança, a Música, o Cordel, o Maracatu, em matérias essenciais nas escolas? Para que assim, através das Artes possamos criar um novo ideal de Mundo. Como disse John Lenon: “Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas sei que eu não sou o único...”
Fomentar a periferia pode ser o primeiro passo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

BANDEIRAS AO VENTO

Contra-dizendo supersticiosos e os descrentes da boa sorte, na última sexta feira 13, um Sarau com muita música, dança e poesia marcou o lançamento do Projeto Porto Cultural na Sede da A.D.C. Porto Epitácio em Itaquera. Criado a partir da união de artistas e pessoas da comunidade, preocupados com a ociosidade dos espaços verdadeiramente destinados para tal fim (cultura).
O Projeto é mais uma iniciativa positiva em meio a tantas que “afloram” do caos e da ausência de ações do 1º setor. Com um público de pouco mais de 100 pessoas, entre eles adultos e crianças, o Evento contou com a presença de diversos artistas e personalidades do Bairro. O escritor Valmir Macedo abriu a noite com suas performances inquietantes, logo em seguida veio o Rap de José Evandro (Bea), Hip Hop com a “Família Crew”, Poesia e MPB com Esdras de Lucia, Blues com Leone da gaita e para “fechar” a noite, a banda B.F.R. deu seu recado com muito Hard Core. Uma noite cheia de tons, cores e talentos, longe da mesmice de “um banquinho e um violão”, o vício da cultura rasa. Mestres e Alunos, Pais e Filhos, Cidadãos e Cidadãs, respiraram os ares Culturais que nos faltam aos pulmões toda vez que procuramos em nosso bairro, lugares que possam abrigar manifestações artísticas originais e gratuitas. Novas e velhas gerações de um mesmo lugar, a “Pedra dura” que deu origem à várias histórias de conquistadores e conquistados, habitantes de uma “cidade”chamada Itaquera.

Com a proximidade das eleições para Deputados Estaduais e outros cargos de grande importância para nossa sociedade; o que dizem algumas “figuras” que se propõe a tais cargos, beira os delírios da comédia e da subestimação do povo. Infelizmente muitas pessoas despreparadas e distantes da realidade de Itaquera, saem por aí reivindicando para si os feitos de outros. Precisamos de mais Projetos, Casas de Cultura, Oficinas, Saraus e etc. Para nossa sorte muitas bandeiras “teimosamente” ainda resistem e algumas novas se erguem, com o intuito de orientar os navegantes de um país que vez ou outra se perde em suas contradições, criando náufragos sociais. (“É preciso estar atento e forte”...) Não podemos “dormir” nesta hora. É necessário distinguir o verdadeiro do falso, abraçar causas nobres, reais, lutar a favor da humanidade, coletiva ou individual, festejar as conquistas, seguir o vento e viver o hoje. “Não deixa o mar te engolir...”

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PORTO CULTURAL

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Em 1976 surgiu em Itaquera um time de Futebol de Várzea chamado“Porto Epitácio”,
o nome é uma homenagem à cidade de Presidente Epitácio –SP e o seu famoso Porto margeado pelo Rio Paraná. O time hoje tornou-se uma Associação Desportiva e Cultural.Aos finais de semana, amigos, filhos, esposas, netos e agregados se reúnem em sua sede (própria) que fica próximo ao Hospital Planalto em Itaquera, para festejar, organizar e confraternizar alegrias e derrotas. O espaço onde hoje tudo isso acontece, também foi sede entre 2000 e 2003 de um Projeto de Cultura coordenado pelo músico Paulo Roberto (Pobeto) e pela atriz Patrícia Pires, com objetivo de oferecer à comunidade, oficinas de teatro, música, capoeira e etc. Diversas Mostras de artes e Workshops foram organizadas pelos próprios alunos; promovendo assim o protagonismo juvenil e a formação cultural.
Sentindo a falta de locais destinados às Artes em Itaquera e buscando aproximar a comunidade de propostas reais de Formação e Difusão Cultural, independentemente “desse ou daquele indicado” e bem vestido, responsável pelas “chaves” públicas. A Diretoria do Porto Epitácio em parceria com o Projeto Canjica de Marte iniciará a partir do mês de Setembro o Projeto Porto Cultural, que vai oferecer Oficinas de teatro, dramaturgia, música, dança de salão, dança de rua, dança do ventre, desenho, artes plásticas, criação literária, tai chi chuan e meio ambiente.
O lançamento do Projeto acontecerá no dia 13 de agosto a partir das 19 horas, durante um Sarau que reunirá artistas/professores, poesia, música, performances de teatro e dança. As inscrições para os cursos começam no dia 16 de agosto na própria sede do Projeto.

Sarau dia 13 de Agosto a partir das 19h
Local: A.D.C Porto Epitácio
Rua:Antonio de Moura Andrade, 149 – Itaquera
Informações sobre o Projeto Porto Cultural :
2556 3326/98927783

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ILHAS CULTURAIS


O Brasil foi-se, quer dizer...saiu da Copa do Mundo, perdeu a chance de alcançar o tão “sonhado” hexa. Choro dali e daqui, revolta, discussões, manifestações contra jogadores e principalmente contra o técnico Dunga. Agora a pergunta que fica no ar...deixamos de ser brasileiros? É claro que não. Então porque rasgar as camisas verde e amarelo, repintar as fachadas das casas e voltar a ignorar a nossa bandeira? Este é um ano de eleições para Presidente e para Governador, é difícil dizer quantas pessoas se tocaram disso quando começou a Copa do Mundo; Brasília não “parou”, vários Projetos e Leis foram discutidas e aprovadas fora do foco da mídia, para a tranqüilidade de nossos Ilustríssimos políticos o futebol mais uma vez fez a sua parte.
No país dos contrastes, vez ou outra somos “arrebatados” por manias, “febres”, modas e paixões que alimentam os brasileiros de esperança e rendem sempre muito assunto.A renovação dos debates, discursos e preocupações populares ocorrem de forma tão sutil que pouco se nota. No nosso bairro, Itaquera essas mudanças também ocorrem quase da mesma forma, se não fosse o alarde que algumas figuras fazem em torno de si mesmas, procurando sempre se fazer notáveis, divulgando um feito aqui outro ali. Outros buscam a exposição de forma mais radical, achincalhando pessoas, siglas e pontos de vista contrários ao seu.
Na verdade, o que deveríamos fazer era refletir sobre o principio da união de indivíduos em torno de um bem comum: o desenvolvimento social e cultural de Itaquera. Esta seria a atitude correta a se tomar, propondo debates civilizados e democráticos diante de qualquer “novo” assunto. Apontar o positivo e o negativo sempre acompanhado de possíveis soluções. Infelizmente estamos diante de mais uma utopia romântica, pois aqueles que poderiam fazer a diferença propondo ou mediando novas idéias, estão procurando seu “lugar ao sol”, enquanto que a chamada “elite intelectual da Zona Leste” está mais preocupada em glorificar a “Cultura rasa”, com bastante vinho e cerveja. Em um jardim onde a formiga canta e a cigarra recebe a fama, o distanciamento entre a ética, a verdade e os interesses pessoais podem até serem“encobertos” por uma folha qualquer, passando despercebido por algum tempo, mas logo se notará o resultado, artificial e vazio.Dificilmente alguém questionará sobre o real e o surreal do fazer artistico.A falta de espaços adequados à produção cultural na região confundem aqueles que buscam entretenimento de qualidade social e intectual;transformando qualquer ponto comercial com uma "moçada bonita", musica ao vivo e bebida em uma "ilha de cultura".